domingo
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Na paz do Senhor
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Debaixo do hábito levo um conjunto escarlate com aplicações de renda. Na pele o desejo e o aroma de um perfume.
Bato ao de leve na porta que nos separa. Abres-ma. Entro.
Procuras-me a boca. Dou-ta. As mãos - qual malabaristas de circo - entrelaçam-se em complicados esquemas e adentram-se nas vestes, apoderando-se da pele alheia. Pegas-me ao colo e deitas-me na cama. Deixo-me ficar. Cobiças-me com esse olhar matreiro de menino. Continuo deitada. As mãos bailam-me pelo corpo, provocando-te. Em silêncio deitas-te ao meu lado e, vagarosamente, os teus lábios passeiam por mim. As tuas mãos acompanham agora as minhas num ritual de sedução. Sinto o teu corpo másculo subindo para o meu. O teu desejo é duro, forte, grosso e a tua boca come-me a carne como se a fome de comer viesse de há muitos séculos. Viro-me para ti e chamo-te ao prazer entreabrindo as pernas. Vens e eu deixo-me ir. Investes. Investes. Investes. Gemo. Gemes.
No chão, lado a lado, jazem juntos o hábito e a batina.
No chão, lado a lado, jazem juntos o hábito e a batina.
Na paz do Senhor
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