terça-feira
Perdoai-me, Senhor, porque pequei.
Abre-se a porta. Baila no ar uma música suave. Um perfume almiscarado desperta-me para a tua presença. Recostada nas almofadas do leito, abres, lentamente, os olhos. Observas-me. Observo-te. O parco e diáfano tecido das tuas vestes, revela-te as formas perfeitas e a pele leitosa. Passo pela jarra e colho uma rosa branca. Aproximo-me. Olho-te nos olhos e percorro-te os finos traços com a flor. Prende-la com a boca. Ris-te e sacodes os longos cabelos negros, naquele gesto já tão habitual. Cresço por dentro. Estendes-me as mãos. Estendo-te as mãos. Enlaço-te a cintura e aperto o seu corpo contra o meu. Danças comigo? - pergunto-te, sussuradamente. Suspiras e acompanhas-me na dança. A excitação do momento conduz-nos os lábios, que húmidos, trilham nos corpos estradas de nós e cresce-nos um fogo que se espalha por todo o quarto.
Vade recto, Satanás!
†
2 confissões:
Dançar dá todos os sentidos...
Quem dança seus males espanta meu Padre. Dança, dança, que bem que danças...
Não posso dançar muito, falta-me a orquestra e a dançarina.